Uma
nova quaresma
E aqui
chegamos a mais uma quaresma…
Gostaria
de lhe fazer um convite para que reflitamos da seguinte forma:
“Será
que estamos vivendo a paixão, morte e ressureição de Cristo de modo automático?
Será que nós somos católicos vivendo por simples osmose?”
Será
que você da mesma forma que um robô, segue inconscientemente para mais uma
quaresma, para mais um ano em que fez o jejum mais brando possível, para mais
um ano em que sequer fez jejum, para mais uma semana santa, para mais um ano em
que torce para que o padre não faça as nove leituras no Sábado de Aleluia…
Levanto
estes pontos aqui, pois até pouco tempo atrás, eu mesmo me comportava desta
maneira.
Mas
ocorreu que em uma certa quaresma, eu tive a oportunidade de viver algo
diferente do que eu já havia vivido em toda minha vida.
E
quando eu digo oportunidade, não é por conta de uma situação que se desenhou
favoravelmente, eu, por escolha e decisão queria algo diferente naquele ano!
Então
eu me esforcei e me mortifiquei, dobrei minha carne e me coloquei mais na
presença de Deus, li e meditei mais a palavra, rezei mais, adorei mais, busquei
os sacramentos mais…
Foi um
período frutuoso! Mas de uma verdadeira batalha comigo mesmo.
Batalha,
pois minha carne queria outra coisa, ela não queria intimidade com Deus, ela
não queria acordar cedo pra rezar, não queria ler, não queria jejuar, o que ela
queria mesmo é o contrário de tudo isso!
Em
certo momento dessa batalha comigo mesmo eu pensei:
“Porque
eu estou fazendo isso?”
Dai a
resposta brotou em meu coração:
“Você
faz tudo isso por amor a Deus, porque Ele o amou primeiro, a ponto de dar a
própria vida por você. Quando a sua carne sofre pelo reino de Cristo, você se
assemelha ao Cristo que sofreu por tí”.
E nesse
momento eu percebi que nos anos anteriores àquele, eu vivia este tempo
favorável de modo automático.
Você já
assistiu o filme “Click”, do ator Adam Sandler?
É
exatamente aquilo, mas no cotidiano da fé.
Nós
vamos a missa, comungamos, nós vamos ao grupo de oração, louvamos, adoramos,
participamos de obras sociais, ajudamos o próximo material e espiritualmente,
mas muitas vezes simplesmente fazemos tudo isso por mera convenção.
Será
que nós já paramos para pensar e tentarmos compreender o tamanho do amor de
Deus por nós e o tamanho do sacrifício ao qual Ele se submeteu?
Eu
pergunto se nós tentamos compreender, pois nós somos humanos e em nossas
limitações, nunca conseguiremos entender integralmente o mistério da salvação.
Santo
Afonso Maria de Ligório diz o seguinte na obra “Prática do amor a Jesus Cristo”:
“Nenhum
intelecto basta para compreender o quanto arde esta chama no coração de Jesus
Cristo. Visto que lhe foi comandado que sofresse uma morte, se lhe houvesse
sido comandado que sofresse mil delas, teria decerto amor suficiente para
sofrê-las todas. E, se o sofrimento que lhe foi imposto por todos os homens lhe
tivesse sido imposto pela salvação de um só, assim o teria feito por cada um
como o fez por todos. Deste modo Jesus Cristo amou muito mais do que sofreu,
houve mais por dentro do que aquilo que apareceu por fora. Isto foi uma
centelha que jorrou daquele grande pélago de imenso amor.”
Jesus
Cristo o Filho de Deus, sempre existiu desde o principio do mundo, junto ao Pai
e o Espírito Santo, na Trindade Santa, onde eles se bastavam em sua eterna
vivência mútua de amor.
Mas
movido pelo imenso amor que transbordava, Deus humana seu filho para que Ele
pudesse passar pelo que passamos, nossas lutas, angústias, tristezas e
alegrias. O Verbo se faz carne, para ser oferecido como holocausto pelos nossos
pecados, nos trazendo assim a salvação.
Por
amor Ele foi ridicularizado, torturado e seguiu até as últimas consequências
sendo crucificado e morto.
Que
amor é esse?
Imagine
você mãe ou pai, gerar um filho para ser holocausto de pecadores… Para nós é
algo impensável!
Quando
por um momento você duvidar do amor de Deus por ti, lembre-se que você valeu a
vida do filho de Deus.
Neste
espírito eu desejo a todos do fundo do meu coração, que possamos viver uma nova
quaresma e uma nova Páscoa da forma mais profunda, devota e amorosa o possível,
que nós possamos festejar a maior festa da nossa fé!
Que eu
e você possamos oferecer a Deus a nossa vida integralmente, da mesma forma que
Ele se ofereceu por nós.
Salve
Maria Santíssima!
Rogério
Luiz Palão
Católico
Apostólico Romano, contra-revolucionário, a favor da família e da vida.
Co-fundador do PHVox, pai de dois, marido de uma, músico (baterista),
publicitário e consultor de marketing. "Os homens marcados com a Cruz de
Cristo caminham alegremente no escuro” — G. K. Chesterton
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