Heitor De Paola, 5 dias atrás 1 752
La nuova scuola fascista
Como já vimos a reforma fascista do ensino passou por duas
fases: a Reforma Gentile, iniciada em 1923, e a Carta della Scuola de Giuseppe
Bottai, de 1939. Resta saber como foram administradas as escolas fascistas
durante este intervalo em que se sucederam oito Ministros da Educação. Sem
analisar a escola fascista é impossível estudar as organizações juvenis como a
Opera Nazionale Balilla.
Da mesma forma que Trotsky foi retirado das fotos após a
morte de Lenin e a posse de Stalin, várias são as falsificações do Ministério
da Verdade esquerdista com o sentido de refazer a história a seu bel prazer,
ocultando seus erros e, como no caso abordado a seguir, fatos históricos que os
constrangeriam muito se descobertos. É o
caso do sumiço de doze anos da biografia de Maria Montessori. Por ser seu
método de ensino o queridinho das esquerdas, qualquer relação com o fascismo
precisa ser sonegada. A esquerda tem um enorme interesse em transformá-la numa
heroína cujo método de ensino deve ser aceito como válido modernamente.
Portanto, o que se sabe de sua biografia? Muito, exceto a respeito dos anos
1922 a 1934. Tudo o que as principais biografias dizem é que Montessori criou
as Case dei Bambini na Itália em 1907, foi recebida com honras nos EUA em 1913
e foi para Barcelona em 1916, dizem alguns para evitar que seu marido fosse
convocado para a I Guerra Mundial. As únicas referências mais explícitas
mencionam que ela retornou à Itália em 1922, foi nomeada inspetora geral das
escolas fascistas e saiu em 1934 por ser pacifista e “reconhecer que os métodos
de Mussolini eram brutais” [i]. Isto é apenas a ponta visível do iceberg.
Em 1920 saiu a III Edição de seu Il Metodo della Pedagogia
Scientifica e Maria começa a retomar contatos com sua terra natal. A verdade é
que voltou para seu país exatamente por apoiar Mussolini no exato ano em que
ele era nomeado Presidente do Conselho do Reino. Inicialmente proferiu uma série
de conferências em Nápoles a convite do então Ministro Antonio Anile. Um ano
após Giovanni Gentile é nomeado Ministro e, influenciado pela Rainha-Mãe,
Margherita de Saboia, demonstra interesse em colaborar com Montessori e
disseminar seu método pedagógico por todo o país. Mussolini se interessou
muitíssimo pelo método pedagógico considerado muito promissor para ser
incorporado ao sistema escolástico da Reforma Gentile [ii].
Em abril de 1924 a Societá Amici del Método se torna a Opera
Nazionale Montessori, fundação criada por decreto real, presidida por Gentile
com Maria Montessori como Presidente de Honra. A fundação penetrou até mesmo
nos colégios religiosos como o Suore Francescane Missionarie di Maria in via
Giusti [iii]. Mussolini autorizou Gentile a estruturar um curso montessoriano
para professores em Milão. Cento e cinquenta alunos assistiram às aulas de
Montessori, 60 por ordem direta de Gentile. Mussolini era o Presidente de Honra
do curso.
Em 1926 Mussolini é escolhido Presidente da Opera e Gentile
passa a Diretor dos escritórios de Roma. O Duce provê com fundos estatais as
escolas que seguissem o método, contribuindo com L 10.000 de seu próprio bolso.
Já em 1925, ano em que Maria se tornou membro honorário do Partido Fascista,
Mussolini dizia que “pessoas que objetassem ao método montessoriano eram todos
ignorantes” [iv] e “recomendou o método a outros ditadores” [v]. No mesmo ano
foi estabelecida em Roma uma escola montessoriana de preparação de professores,
a Scuola Magistrale Montessori, e o Ministro Gentile anunciou que este era o
próprio método fascista de ensino. Neste ano (1926) foi fundada a Opera
Nazionale Balilla, responsável pela educação política e física das crianças em
curso primário. Estudaremos adiante estas organizações juvenis, basta aqui
ressaltar a “coincidência” com a institucionalização do método montessoriano.
Em 1927 outras escolas foram estabelecidas e a partir de
1929 Montessori passou a controlar todo o sistema de ensino fascista [vi].
Neste mesmo ano foi realizado o chamado “plebiscito” (24/03/1929) em que o povo
deveria votar a favor ou contra a lista de 400 nomes apresentada pelo PNF. O
comparecimento foi maciço: 89,63% dos eleitores. O sim obteve 8.519.559 votos e
o não 135.761 e 8.092 nulos [vii]. O poder fascista tornava-se total!
Em 1931 o Gran Consiglio Del Fascismo instituiu a
obrigatoriedade de todos os professores jurarem lealdade ao Fascismo e ao Duce.
Vários professores que aberta ou reservadamente criticaram o regime, ou mesmo
frente a meras suspeitas ou denúncias anônimas, foram expulsos do magistério.
Logo depois foi criado um juramento adicional, o de “viver e morrer pelo Duce”.
O ensino não mais poderia ser neutro, mas fascista em seu cerne, justificando a
nova “ética” de violência, obediência e uniformidade intelectual. Os que não
aceitaram foram demitidos. Como a grande maioria, Maria Montessori manteve seu
emprego. Acredita-se, portanto, que tenha aceitado os juramentos.
Em 1934 a obrigatoriedade do ensino fascista atingiu os
jardins de infância para, desde a mais tenra idade, começar a formação do “novo
homem fascista”. Foi então que aparentemente Maria começou a desconfiar das
iniciativas do Duce. (Depois de doze anos é que percebeu isto?!). Sua ideia
inicial sempre fora uma “educação para a paz”, o que conflitava diretamente com
a visão de Mussolini, de quanto poderia fazer uso do método para fabricar
fanáticos. Maria admitiu que “as implicações de sua teoria iam longe demais.
Era através da atuação sobre as crianças que os governos totalitários conseguiam
produzir enormes reservas de jovens fanáticos, totalmente devotados ao seu
líder e tomados de espírito guerreiro” [viii]. Era exatamente isto que o Duce
queria e soube se aproveitar muito bem de um método baseado em falsas premissas
psicológicas! Montessori saiu da Itália, mas não mudou seu método, hoje
grandemente difundido pelo mundo.
APRESENTAÇÃO SUMÁRIA DO MÉTODO
Nos países livres a formação das crianças é deixada para os
pais, a escola deve ser informativa, embora participe minimamente da formação
pelo contato com um meio externo, suas regras e disciplina, que nem sempre
correspondem às de casa. Há um momento, ao redor dos 5-6 anos de idade, em que
a criança precisa aprender a conviver num mundo mais amplo e já desenvolveu as
condições mentais, até de amadurecimento do Sistema Nervoso Central, para
tanto. Gentile, conforme suas inclinações totalitárias, afirmava que a escola –
de preferência estatal – deveria ser formativa, e não informativa. O método
construtivista montessoriano é o mais adequado para isto.
No Sistema Montessoriano o educando é “educador de si
mesmo”, tendo a possibilidade de escolher o seu trabalho, de se mover por conta
própria, de se tornar “responsável pelo seu progresso e crescimento”. Pelo
método o educando caminha para a independência e liberdade numa atitude
auto-dirigida. A integração da criança com o ambiente, com o material
montessoriano e com o professor, resulta na aprendizagem significativa e
individualizada. A cada fase do desenvolvimento vivenciada pelo educando, ele
está auto-construindo, internalizando conceitos e valores sociais, de forma
segura e de acordo com o momento histórico atual.
Nas palavras de Maria Montessori: “educação não é o que o
professor dá, mas um processo natural espontâneo levado a efeito pelo
indivíduo, não através de escutar palavras, mas de experiências no ambiente.
(…) A tarefa do professor é preparar uma série de motivos culturais num
ambiente especialmente preparado (…). Os professores humanos só podem ajudar o
grande trabalho que está sendo feito, como servos ajudam seu senhor (…). Assim
poderão testemunhar o desvelar da alma humana e o surgimento de um Novo Homem
(…)”. O Programa de Educação Infantil baseado no construtivismo estrutura-se no
conceito de educação integral (cuidar e educar), visando o desenvolvimento da
criança na sua totalidade: cognitivo, psicomotor, físico, social, intelectual,
afetivo. A psicologia escolar tem como objetivo assessorar o trabalho
pedagógico. Na escola montessoriana, a criança encontra um ambiente preparado
para o seu aprendizado, o que permite a autoconstrução de seu desenvolvimento
cognitivo e psicomotor. Quando isso não acontece, o professor funciona como um
investigador para saber o que há de errado, tendo o acompanhamento do psicólogo
na busca de “soluções.
Os princípios básicos fundamentais da Pedagogia de
Montessori são: a liberdade, a atividade e a individualidade. Outros aspectos
abordados nesta metodologia são: a ordem, a concentração, o respeito pelos
outros e por si mesmo, a autonomia, a independência, a iniciativa, a capacidade
de escolher, o desenvolvimento da vontade e a autodisciplina [ix].
O método Montessori está inspirado no humanismo integral,
que postula a formação dos seres humanos como pessoas únicas e plenamente
capacitadas para atuar com liberdade, inteligência e dignidade.
CRÍTICA AO MÉTODO
Comecemos pelo fim: o humanismo integral. O que significa
humanismo? De acordo com o Humanist Manifesto I [x], “a base do humanismo é de
que não existe um Deus Todo Poderoso, Criador e Sustentáculo da vida, os
humanistas acreditam que o homem é seu próprio deus. Acreditam que os valores
morais são relativos, inventados de acordo com as necessidades de um povo
específico, e que a ética também é situacional. Os Humanistas rejeitam a moral
e a ética Judaico-Cristã, tais como as contidas nos Dez Mandamentos, tidos como
“dogmáticos”, “fora de moda”, “autoritários” e um atraso ao progresso da
humanidade. No humanismo a auto-realização, a felicidade, o amor e a justiça
são encontrados por cada homem individualmente, sem referência a nenhuma fonte
divina. Dentro da ética Judaico-Cristã não existe e não pode existir
auto-realização, felicidade, amor ou justiça na Terra, que não seja, em última
análise, relacionada com um Deus Todo Poderoso, Criador e Provedor” [xi].
Quando vejo um Cristão ou Judeu estufar o peito de orgulho para revelar-se
humanista fico pasmo de ver a que ponto vai a burrice, a ignorância e/ou a má
fé dos seres humanos!
A declaração de que o construtivismo se baseia no humanismo
integral já mostra a que veio o tal método: fazer uma lavagem cerebral,
eliminando da mente das crianças tudo aquilo que ela traz de casa como crenças
e princípios universais, porque a negação de um Deus Criador e Provedor é a
destruição de quaisquer valores universalmente válidos.
A “auto-construção” através da internalização de conceitos e
valores sociais, de forma segura e de acordo com o momento histórico atual”
significa a impregnação da mente infantil das crenças professadas pela
onipotente casta professoral aliada a gerações de pais inseguros de suas
próprias crenças. Lembremos a firmação de Mussolini: “O fascismo é um método,
não uma finalidade, uma autocracia por sobre a via democrática. “Permitimo-nos
ser aristocráticos e democráticos, conservadores e progressistas, reacionários
e revolucionários, legalistas e contra a lei, segundo as circunstâncias de
tempo, lugar ou ambiente”.O “desvelar da alma humana e o surgimento de um Novo
Homem” é o sonho de todos os ditadores, de um dos quais Montessori foi serva
obediente durante doze anos.
O construtivismo não passa de uma falácia. Tenha ou não sido
esta a intenção de sua criadora, foi e continua sendo um meio fértil para a
introdução das ideologias coletivistas, ambientalistas e a preparação, entre
outras coisas, de um mundo de pensamento uniformizado, um mundo de crianças
robotizadas a serviço de qualquer totalitarismo. Pois o tal ambiente preparado
pode ser preparado para qualquer coisa e utiliza-se a noção de auto-construção
para esvaziar a mente dos alunos dos valores que traz de casa e “construir os
seus”. Ora, isto é uma impossibilidade, a criança aprende inicialmente
imitando, só posteriormente irá fazendo suas próprias opções e criando outras.
O que ocorre é uma verdadeira lavagem cerebral, bem ao gosto dos sistemas
totalitários. Pode-se, então, introduzir qualquer coisa como se fosse
“construção” ou “criação” da própria criança, aumentando falsamente o
sentimento de onipotência. Nada mais eficaz do que o doutrinado acreditar que
inventou a doutrina. Foi aí que o Duce encontrou a verdadeira utilização do
método montessoriano!
Quando se diz que o professor funciona como um investigador
para saber o que há de errado, tendo o acompanhamento do psicólogo na busca de
“soluções”,a escola se transforma em agente terapêutico! Instaura-se o mundo
maquiavélico da “psicopedagogia”, o pior dos mundos para crianças e famílias!
A FALHA BÁSICA DO MÉTODO “CONSTRUCIONISTA”
Este método aparentemente se baseia numa teoria psicológica
falsa: a de que a criança chega à escola com a mente como uma tela em branco.
Nem mesmo ao nascer isto é verdade: a herança genética é fato comprovado. O
fato é que Maria Montessori e seus seguidores sabem muito bem disto.
A primeira a observar crianças muito pequenas e tentar
entender suas mentes foi Melanie Klein [xii], já em 1919 no Instituto
Psicanalítico de Budapest. Depois de ir para Londres tornou-se mundialmente
conhecida como analista de crianças. Seus trabalhos sobre a vida mental
infantil [xiii] são ainda hoje considerados fundamentais. Contrariando Freud,
que jamais a contestou, mostrou que a vida mental da criança já tem a enorme
complexidade da do adulto desde o nascimento. Suas observações sobre o primeiro
ano de vida viriam a ser complementadas por Esther Bick [xiv].
Já mesmo a vida intra-uterina é extremamente complexa como
foi comprovado por Alessandra Piontelli [xv], pediatra e psicanalista milanesa,
com grande experiência em obstetrícia. Usando técnicas modernas de
ultrassonografia demonstrou que o feto já é um ser humano completo, ri, chora,
brinca com o cordão umbilical – seu primeiro brinquedinho – sonha, reage a
estímulos externos e internos. As reações físicas e psicológicas da mãe e dos
familiares são sentidas e a elas reagem. Os “chutes” na barriga, tão dolorosos
como prazerosos para as gestantes, não são movimentos meramente “arcos
reflexos” pavlovianos, mas expressões às vezes de sonhos ou reações a estímulos
externos, ou de sentimentos de raiva.
O método montessoriano não é, portanto construtivista, mas
desconstrutivista: é preciso “desconstruir” tudo que já está na mente infantil,
para deixar a criança inerme nas mãos de professores quem ao invés da admitir
que ensinam o que bem entendem, fingem que a criança está auto-construindo seu
conhecimento. Com isto eliminam-se todos os valores universais, estimula-se a
onipotência da criança para torná-la uma humanista que acredita que não existem
conhecimentos universais, mas todos são suas criações.
[i] Uma
explicação totalmente descabida de tão ingênua é a de Barbara Thayer-Bacon:
Montessori was not alone in being blind to Mussolini’s brutality, like many
others she was hopeful that her presence and activity might make a difference.
She truly believed that her system of education properly carried out under her
own supervision would accomplish good results for individual children and in
the long run for all of society. She
declared herself apolitical, not existing to any political party, and did not
openly oppose the Fascist regime until it began to interfere with her own
activities as a teacher, and those of her teachers. In Maria Montessori:
Education for Peace (minha ênfase).
[ii] Erica
Moretti, Brown University, Recasting Il Metodo: Maria Montessori and Early
Childhood Education in Italy (1909-1926), in
http://www.cromohs.unifi.it/16_2011/moretti_montessori.html
[iii] Corso per educare fanciulli col Metodo Montessori, in
Vita femminile italiana», a. IV, n. 1910, pp. 348-349. Citado por Moretti.
[iv] Muitas informações sobre a relação de Montessori com
Mussolini foi retirada da obra de Rita Kramer, Maria Montessori: A Biography,
Radcliffe Biography Series
[v] Bruce
Walker, Maria Montessoris Hidden Decade, in American Daily
[vi] Bruce
Walker, Maria Montessori and the Memory Hole, in Canada Free Press.
[vii] Seis meses antes, em 08/12/1928, Mussolini declarou à
Câmara: “Vamos ao plebiscito, que ocorrerá em absoluta tranquilidade (…) o povo
votará perfeitamente livre. Quero apenas recordar, todavia, que uma revolução
pode ser consagrada num plebiscito, jamais revertida! (De Felice, op, cit., PP
437-438).
[viii] Ver em Google Books
[ix] Ver em
http://www.abec.ch/Portugues/subsidios-educadores/biografias/Montessori.pdf
[x] http://www.americanhumanist.org/Who_We_Are/About_Humanism/Humanist_Manifesto_I.
Sugiro sua leitura atenta assim como dos Manifestos II e III.
[xi] Deve ser esclarecido que este manifesto veio à luz em
1933, o mesmo ano em que Hitler foi nomeado Chanceler do Reich.
[xii] http://psicanalisekleiniana.vilabol.uol.com.br/biografia.html
[xiii] The
Complete Works of Melanie Klein, Hogarth Press, London
[xiv]
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652006000200007[xv]http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=888,
http://www.wook.pt/ficha/development-of-normal-fetal-movements/a/id/3431463
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