MARIA
//QUESTIONAMENTOS...
1 Seria
a 4a. pessoa da trindade criadora?
2
Esposa do Espírito Santo?
Foi bígama?
3 Era
descendente de Eva pecadora.
4
Virgindade pode ser restaurada num processo normal. Raríssimo... Mas, ocorre...
5 Ira
ressuscitar ou já ressuscitou?
Foge ao
princípio bíblico...
6 José
fez voto de celibato?
7 No
Magnificat diz: Meu Salvador. Reconhece a primazia do filho...
8 José uniu-se
a Maria para que? Noivo quer esposa e
filhos.
Normal
na sociedade judaica...
9 Simeão
profetizou...Maria desconhecia o fim de Jesus.
10 Os
irmãos de Jesus nada fez para atenuar a situação. Esconderam-se...?
11
Ninguém viu o arrebatamento de Maria. Não consta na Bíblia.
Existe
o de Elias, o de Enoque...
O
desaparecimento do corpo de Moisés. Etc... Apóstolos ainda vivos.
12 Os
pais de Maria eram pessoas normais. Casados. Talvez, com outros filhos. Comum
na época.
13 Os
pais de Maria pessoas pecadoras como todos após o pecado de Adão e Eva...
14 Deus
trouxe através de Maria (Nova Eva) a redenção na pessoa de Jesus...
15 O
verbo era Deus e se fez carne (Jesus) .
16 Esse
Verbo é o próprio Jesus.
E o
Evangelho de João não é o único livro que aponta para a existência eterna de
Jesus.
No
livro de Apocalipse ele é o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”
(Ap 13:8) Antes da encarnação...
Para o
profeta Isaías ele é o “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6)
Paulo
diz na carta à igreja de Filipos que Jesus é Deus (logo, eterno) que se esvaziou
e assumiu a forma de homem (Fp 2:5-11)
Em
outra carta, aos romanos, Paulo escreve que “dele, e por meio dele, e para ele
são todas as coisas” (Rm 11:36)
Na
carta aos colossenses, Paulo diz que “nele foram criadas todas as coisas, nos
céus e sobre a terra…” (Cl 1:16)
E o
próprio Cristo alega a sua eternidade ao afirmar que “antes que Abraão
existisse, EU SOU (nome usado por Deus ao se apresentar para Moisés)” (Jo 8:58)
A
partir desses poucos versículos podemos ver como é consenso entre os autores Bíblicos
que Jesus Cristo é Eterno, ele é Deus e, portanto nunca foi criado. ELE É!
17 Se
Maria não fosse virgem haveria dúvidas para José esposo...
18
Arrebatamento de Maria não é registrado na Bíblia.
19 Nem
ressuscitamento...
20
Maria e José já estavam casados pelos costumes judeus.
Assinado
o Ketubah não podia desfazer. Dote pago ...
21Pela
tradição judaica a mulher submetia-se ao homem
e tinha vários filhos. Era honrada.
Os casamentos eram comuns com homens mais
velhos e com condições de manter a família.
22 Desposada
significa noiva. É um costume similar ao noivado, porém há diferenças
essenciais, pois é um noivado em um nível muito mais sério. Desposada vem da
palavra hebraica erusah (אֲרוּסָה), e um casal se tornava noivos,
na cultura Judaica da época do nascimento de Jesus, cerca de um ano antes de se
casar.
O noivo
teria esse tempo para construir, ou comprar uma casa par sua noiva. Um casal
não podia terminar o seu noivado por qualquer motivo. Para isso, teriam que se
divorciar formalmente, e uma mulher que o noivo morresse, seria considerado
como uma viúva.
NOIVADO
DE MARIA E JOSE
A
seguir, deparamo-nos outra vez com a narração de coisas maravilhosas, expostas
agora por Mateus (Mt 1.18-25), que usou de uma simplicidade inimitável.
Quando,
depois da Anunciação, Maria deixou Nazaré para visitar sua prima, ela não era
mais do que noiva de José. O noivado havia sido firmado conforme os costumes da
época.
Reunidos
na casa dos pais de Maria e rodeados de convidados escolhidos entre os amigos e
vizinhos de ambas as famílias, que deveriam servir de testemunhas, os noivos
haviam trocado promessas. "Eis que tu és minha prometida", havia dito
José a Maria, deslizando em sua mão uma moeda que servia de sinal de validação
do compromisso entre os dois. E Maria, por sua vez, havia dito a Ele: "Eis
que tu és meu prometido".
Com
frequência, fazia-se também o compromisso por escrito. Costumava-se estipular
por sinal ou dote uma quantia em dinheiro, que ficaria em propriedade da noiva,
caso o noivo se recusasse depois a cumprir sua promessa. Essa moeda de que já
temos falado, entre os ricos era moeda de ouro, mas entre os de menos recursos
financeiros era uma moeda de cobre, que também consideravam como garantia
suficiente.
Outra
soma, designada em hebraico com o nome de mohar (preço de compra), era
estipulada antecipadamente entre o jovem e o seu futuro sogro, conforme o uso
oriental (que ainda é considerado entre os árabes), para aquisição da noiva e
compensação dos serviços que ela prestava em sua família. Mas o mohar não
constituía dívida até o momento do casamento, e este só costumava ser celebrado
alguns meses mais tarde, e às vezes após passar um ano inteiro depois da
cerimônia de noivado.
Para
melhor entendermos a narrativa bíblica, importa acrescentar que, segundo a
legislação judaica, os noivados uniam os prometidos com um laço muito mais
estreito do que o que conhecemos. O compromisso que surgia deste ato era quase
tão estrito e obrigatório como o próprio casamento; de tal maneira que, para
rompê-lo, necessitava-se ordinariamente de um julgamento oficial ao que se
exigia para pronunciar o divórcio.
Antes
das núpcias, aos noivos dava-se antecipadamente o nome de marido e mulher, como
faz Mateus no relato que estamos estudando (Mt 1.19,20,24). E sua responsabilidade
jurídica não era diferente da responsabilidade dos casados, pois uma jovem
noiva que se deixasse seduzir por outro era condenada pela lei mosaica com
tanta severidade como a esposa infiel [ou seja, era apedrejada até a morte] (Dt
22.23-27).
A COMPLEXA
E ATRIBULADA SITUAÇÃO DE JOSÉ
Três
meses transcorridos desde a encarnação do Verbo, a gravidez de Maria não tardou
em tornar-se visível por sinais exteriores. Mateus, ao anunciar a seus leitores
este fato, como se não pudesse tolerar nem por um momento se formasse na mente
deles suspeita desfavorável com relação a Maria, lembra, solícito, que esta
havia concebido do Espírito Santo, conforme a mensagem do anjo Gabriel. Mas
José ignorava ainda tal mistério, e, assim que percebeu o estado de sua prometida,
viu-se na mais perplexa e dolorosa situação.
Ele era
verdadeiramente um homem justo, conforme observou o escritor sagrado, ou seja,
era rigoroso observador da lei divina, que era continuamente sua norma de
conduta. Mas será que um justo poderia tomar por esposa uma jovem que, segundo
as aparências, parecia ter cometido um ato de grande culpa? Teria ele direito
de introduzir na família de Davi, da qual era representante, um filho
ilegítimo?
O
evangelista Mateus nos permite lançar um discreto e compassivo olhar sobre as
angústias íntimas de José, sobre o terrível conflito que se achava na alma reta
e delicada dele antes de resolver tomar uma atitude definitiva.
Que
vaivém de amargas reflexões e de projetos deve ter conturbado a vida de José
naqueles dias! Ele conhecia as virtudes de Maria, a pureza de sua alma e de sua
vida, mas os fatos pareciam falar abertamente contra ela. E se Maria tivesse
sido vítima de um ultraje, de uma violência, por que não tinha lhe contado
antes?
UMA
DECISÃO DE HONRA QUE DIGNIFICOU A MEMÓRIA DO NOIVO DE MARIA
Após
ter refletido demoradamente sobre aquele seríssimo caso, depois de ter
ponderado os pós e os contras, sem queixar-se nem partir para violentas
reprovações, José tomou a decisão que honraria o seu espírito de justiça e salvaria
sua dignidade. Dois modos havia para ele romper o relacionamento com sua noiva:
um rigoroso, o outro, mais suave.
José
poderia apresentá-la perante os tribunais para obter a ruptura legal de sua
união e um documento oficial que o isentasse de qualquer culpa; mas para isto
teria sido preciso divulgar a falta daquela a quem ele amava e estimava,
cobrindo-a de vergonha perante toda a cidade. Ou poderia repudiá-la sem nenhum
procedimento oficial, rompendo secretamente com ela (Mt 5.31-32; 19.3,7,9; Mc 10.2,4,11-12;
Lc 16.18).
Quanto
tempo teria durado todo aquele conflito, toda aquela perplexidade na alma de
José? Não é fácil sabê-lo. Mas eis que a Providência divina desatou o nó
trágico que ela mesma mesma havia formado. Um anjo (provavelmente o próprio
Gabriel) apareceu em sonho ao noivo de Maria e lhe disse: José, filho de Davi,
não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do
Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque
ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mt 1.20,21).
PALAVRAS
QUE TRANQUILIZARAM O CORAÇÃO DE JOSÉ
Aquelas
poucas palavras continham tudo o que era necessário para tranquilizar o coração
de José. Ao citar o título de Filho de Davi, menção à casa de José, o ser
celestial informava a José que sua mensagem não só lhe interessava
pessoalmente, mas também ao destino de sua ilustre família.
Maria
não o havia traído. José deveria, pois, retirar do seu pensamento todo temor,
toda inquietude com relação ao seu pacto, e o mais rápido possível aceitá-la
como esposa.
A
linguagem do anjo tinha grandíssima semelhança com aquela que ele havia
empregado para anunciar a Maria sua gravidez sobrenatural: O Espírito Santo era
quem geraria em seu ventre virginal a criança que dela haveria de nascer e que,
na sua condição de Messias, haveria de libertar os judeus de seus pecados.
Os
judeus muito tempo atrás haviam sido designados como o povo especial. (Deus
enviaria primeiro o Messias em favor de Israel, como vemos em Mateus 10.5-6;
15.24; João 4.22; Romanos 1.16.) Reconciliando os israelitas com Deus, o
Messias manifestaria plenamente o significado do seu formoso nome, uma vez que
Jesus significa Salvador.
De
novo, temos aqui a ideia messiânica em toda a sua pureza. Várias passagens das
antigas profecias haviam insistido sobre este fato: que uma das principais
funções de Cristo consistiria em apagar os pegados de Israel e que em Seu
reinado a justiça e a santidade divinas resplandeceriam com brilho maravilhoso
(Is 9.7; 11.1-5; 53.4-6;5.4; Jr 31.31,32; Ez 36.22-26; Dn 9.13; Mq 7.18; Sf
3.13).
CUMPRIMENTO
DAS PALAVRAS DO SENHOR
Às
confortadoras palavras do anjo, Mateus adicionou uma dessas reflexões a que ele
é tão inclinado e que encerram, por assim dizer, a filosofia da história de
Jesus, para fazer as pessoas verem as estreitas relações que existem entre essa
história e as profecias do Antigo Testamento: Tudo isso aconteceu para que se
cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
EMANUEL.. (Mt 1.23,24). Após a explicação angelical, José já poderia ficar
tranquilo e casar-se com sua noiva; ela não tinha mancha alguma, e o filho que
dela ia nascer era a própria Santidade em pessoa.
Modelo
admirável de obediência e de fé, em circunstâncias sumamente delicadas e
difíceis, José se submeteu à orientação divina sem a menor vacilação. Combinou
com Maria para apressarem a celebração do casamento. No dia fixado, ao
anoitecer, ele foi, acompanhado de seus amigos, buscá-la na casa de seus pais,
a fim de conduzi-la, em meio a grande cortejo, vestida com suas mais belas
roupas, coroada de mirto e rodeada de suas melhores amigas, à sua própria
morada, à luz de lâmpadas e tochas, ao som alegre de flautas e tamborins.
Conforme
já dissemos, essa introdução solene da noiva no seu novo lar, do qual ela seria
agora a rainha e o principal "ornamento", era a cerimônia principal e
oficial do casamento entre os israelitas (Dt 20.7). Mas, como Maria e José eram
pobres, tudo foi realizado com simplicidade e modéstia. Em contrapartida, o
Deus que havia abençoado a união de Abraão e Sara, de Isaque e Rebeca, de Jacó
com Lia e Raquel, foi invocado com sentimentos de ardentíssimo fervor por esses
novos esposos, que levavam ao lar dos dois um tesouro de virtudes e méritos,
pois a eles foi confiado o Verbo de Deus humanizado que em breve nasceria.
Por que
o Senhor preferiu para a mãe do Messias uma jovem noiva, uma mulher já ligada
com promessa de casamento? Um teólogo francês respondeu a esta pergunta com a
seguinte proposição:
Jose O Pai adotivo
Conforme
o plano divino, o Verbo feito carne haveria de nascer de uma virgem. Mas este
grande milagre não deveria estar exposto às discussões dos homens. Os justos o
creriam por ser a palavra de Deus profetizada e por ter sido testemunhado por
um discretíssimo confidente; entretanto, para os incrédulos, esse mistério
permaneceria oculto. Deveria continuar também oculto para os demônios, conforme
uma tradição antiga.
Além do
mais, era preciso que a virgem escolhida por Deus tivesse neste mundo a ajuda
do alguém que a sustentasse e cuidasse dela e do seu filho. Era conveniente que
a jovem mãe tivesse ao seu lado um protetor durante os dias do nascimento do
Messias, que haveriam de ser dias de prova, de pobreza e até de fuga para um
país distante.
Era
conveniente também que a criança encontrasse perto de seu berço alguém que em
nome de Deus, único Pai do céu, representasse o papel de pai terrestre,
cuidando dele, trabalhando para alimentá-lo e iniciando-o depois naquela vida
laboriosa que durante longos anos ele haveria de levar. Era, pois, o casamento
o véu sob o qual se cumpririam todos esses mistérios. Nesta união muito real,
os dois esposos se deram verdadeiramente um ao outro, mas como se dariam jóias
já consagradas a Deus, que são depositadas em mãos seguras, para serem
guardadas com soberano respeito.
Mateus
concluiu o seu relato daquele celestial enlace com uma reflexão que não
surpreenderá nenhuma alma crente: José, despertando do sonho, fez como o anjo
do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à
luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de JESUS[Yeshua] (Mt 1.24,25).
Maria
provavelmente teve outros filhos além de Jesus, dizem historiadores
Evangelhos
mencionam quatro irmãos e ao menos duas irmãs de Cristo.
Interpretação
de que eles seriam só primos prevaleceu no Ocidente.
A lista
"Tiago, José, Judas e Simão" lhe diz alguma coisa? Uma dica: não são
nomes de apóstolos. Na verdade, de acordo com o Evangelho de Marcos, estes
seriam os irmãos de Jesus, que são citados ao lado de pelo menos duas irmãs de
Cristo (cujos nomes não aparecem). Os católicos e ortodoxos normalmente
interpretam o trecho como uma referência a primos ou parentes mais distantes do
mestre de Nazaré, mas o mais provável é que essa visão seja incorreta.
É claro
que, sem nenhum acesso a registros familiares contemporâneos ou evidências
arqueológicas diretas, a conclusão só pode envolver probabilidades, e não
certezas. "Se a busca do 'Jesus histórico' já é difícil, a pesquisa dos
'parentes históricos de Jesus' é quase impossível", escreve o padre e historiador
americano John P. Meier no primeiro volume de "Um Judeu Marginal",
série de livros (ainda não terminada) sobre Jesus como figura histórica.
Meier
explica que, ao longo da tradição cristã, teólogos e comentaristas do texto
bíblico se dividiram basicamente entre duas posições, batizadas com expressões
em latim. A primeira é a chamada "virginitas ante partum" (virgindade
antes do parto), segundo o qual Maria permaneceu virgem até o nascimento de
Jesus, tendo filhos biológicos com seu marido José mais tarde. A segunda, "virginitas post partum"
(virgindade após o parto), postula que Maria não teve outros filhos e até que
seu estado de virgem teria sido milagrosamente restaurado após o único parto.
Nazaré,
e não Belém, é local mais provável do nascimento de Jesus
A
"virginitas post partum" foi, durante muito tempo, a posição
defendida por quase todos os cristãos, diz o historiador -- até pelos
protestantes, que hoje não se apegam a esse dogma. "Um fato surpreendente,
e que muitos católicos e protestantes hoje em dia desconhecem, é que as grandes
figuras da Reforma, como Martinho Lutero e Calvino, defendiam a virgindade
perpétua de Maria", escreve ele. Já especialistas católicos modernos, como
o alemão Rudolf Pesch, defendem que Maria provavelmente teve outros filhos sem
que isso tenha levado a reprimendas diretas do Vaticano.
Diante
das menções claras aos "irmãos e irmãs de Jesus" nos Evangelhos (que
inclusive se mostram contrários à pregação dele, chegando mesmo a considerá-lo
louco), como a interpretação da "virginitas post partum" prevaleceu?
"Houve
três formas de interpretar esses textos", afirma o americano Thomas
Sheehan, estudioso do cristianismo primitivo e professor da Universidade
Stanford. "Além de considerar essas pessoas como irmãos biológicos de
Jesus, sabemos da posição de Epifânio, bispo do século IV para quem os irmãos
eram de um casamento anterior de José. Mas a opinião que prevaleceu foi a de
Jerônimo, que era um excelente filólogo [especialista no estudo comparativo de
idiomas] e viveu na mesma época. Jerônimo dizia que a palavra grega 'adelphos',
que nós traduzimos como 'irmão', era só uma versão de um termo aramaico que
pode ter um significado mais amplo e que pode querer dizer, por exemplo,
primo."
Jerônimo tinha razão num ponto: quando o Antigo
Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, a palavra
"adelphos" realmente foi usada para representar o termo genérico
"irmão" (empregado para parentes mais distantes no original). De
fato, o hebraico, bem como o aramaico (língua falada pelos judeus do tempo de
Jesus na terra de Israel), não tem uma palavra para "primo". O
problema é que há um único caso comprovado de que a palavra hebraica
"irmão" tenha tido o significado real de "primo". Essa
única ocorrência está no Primeiro Livro das Crônicas -- e mesmo assim o
contexto deixa claro que as pessoas em questão não são irmãs, mas primas.
No
entanto, o caso do Novo Testamento é diferente, argumenta Meier: não se trata
de "grego de tradução", mas de textos originalmente escritos em
grego, nos quais não havia motivo para usar um termo que poderia gerar
confusão. O próprio Paulo, autor de várias cartas do Novo Testamento, chama
Tiago, chefe da comunidade cristã de Jerusalém após a morte de Jesus, de
"irmão do Senhor", ao escrever para fiéis de origem não-judaica (ou
seja, que não sabiam hebraico ou aramaico). De quebra, a Carta aos Colossenses,
atribuída a Paulo, usa até o termo grego "anepsios", que quer dizer
"primo" de forma precisa.
Reforçando
esse argumento, o escritor judeu Flávio Josefo, ao relatar em grego a morte de
Tiago, também o chama de "irmão de Jesus". E o contexto dos
Evangelhos reforça a impressão de que se tratam de irmãos de sangue, argumenta
Meier. Os irmãos e a mãe de Jesus são sempre citados em conjunto. Quando Maria
e os parentes de Jesus tentam interromper uma pregação, ele chega a pronunciar
a polêmica frase "Qualquer um que fizer a vontade do meu Pai celestial é
meu irmão, minha irmã e minha mãe". Para Meier, a frase perderia muito de
sua força se o significado real dela se referisse a "meu primo, minha
prima e minha mãe".
Para
Geza Vermes, professor de estudos judaicos da Universidade de Oxford (Reino
Unido), as próprias narrativas sobre o nascimento de Jesus dão apoio a tese de
que Maria e José tiveram outros filhos mais tarde. No Evangelho de Mateus,
afirma-se que José não "conheceu" (eufemismo para ter relações
sexuais com alguém) sua mulher até que Jesus nascesse. Ainda de acordo com
Vermes, em seu livro "Natividade", é importante notar o uso do verbo grego
"synerchesthai", ou "coabitar", para falar da relação entre
José e Maria. O verbo, quando empregado pelos autores do Novo Testamento,
implica sempre relações sexuais entre homem e mulher, diz ele.