República
é mesmo uma oposição à monarquia?
Etimologicamente,
república significa coisa pública (do latim res publica), quer dizer, os
negócios de interesse da comunidade.
Nesse
sentido — de conotação honrosa e nada incompatível, aliás, com a monarquia — a
palavra foi largamente utilizada até a Revolução Francesa. Pedro Taques, por
exemplo, usava com toda a naturalidade, em meados do século XVIII, a palavra
república no sentido tradicional: “Foi Felipe de Campos cidadão de São Paulo,
em cuja república serviu repetidas vezes os cargos honrosos dela”, lê-se na
“Nobiliarquia Paulistana”[1]. Até de um rei se podia, sem nenhuma contradição
dizer que era repúblico, isto é, devotado sinceramente aos interesses da sua
nação.
Foi a
partir da Revolução Francesa que se generalizou um novo sentido da palavra.
República passou a se definir por oposição a monarquia. Rejeitando como
intrinsecamente injusto o governo monárquico, vitalício e hereditário por via
de primogenitura, a Revolução produziu em série, pelo mundo afora, repúblicas,
ou seja, regimes em que os governantes são — muito teoricamente, é preciso
dizer — temporários e eleitos livremente.
Na
concepção tradicional, a sociedade se constitui basicamente de famílias. É
natural, em consequência, que uma família se incumba permanentemente do
governo. Na concepção individualista da Revolução Francesa, todas as estruturas
intermediárias da sociedade deviam desaparecer, ficando o indivíduo isolado
diante do Estado todo-poderoso. Era lógico que a Revolução quisesse indivíduos
no poder, e não mais uma família.
Armando
Alexandre dos Santos: Tudo o que você precisa saber sobre a monarquia no
Brasil, Editora PHVox, página 123.
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Brasil, de Armando Alexandre dos Santos.
Armando
Alexandre dos Santos é escritor, jornalista e professor de História. Organizou
os arquivos de D. Luiz de Orleans e Bragança e é membro de institutos
históricos e associações de estudos. Escreveu e publicou numerosos livros,
entre os quais “Tudo o que você precisa saber sobre a monarquia no Brasil”, “A
Legitimidade Monárquica no Brasil”, “Ser ou não ser monarquista, eis a
questão”, “O Brasil Império nas páginas de um velho almanaque alemão” e “D.
Pedro Henrique, o condestável das saudades e da esperança”.
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