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Este
artista brasileiro viveu 50 anos em instituições psiquiátricas e foi tema de
exposição
Autor
Bruna Sepúlveda Borges Publicado em 29/08/2023 12:30
Brasileiro
que sofria de esquizofrenia passou a ser considerado artista
Na
noite de 22 de dezembro de 1938, o brasileiro Arthur Bispo do Rosário, então
com 29 anos de idade, peregrinou durante dois dias pelas ruas do Rio de
Janeiro, onde morava, até chegar ao Mosteiro de São Bento, no centro da cidade
para anunciar aos monges que era um enviado de Deus para “julgar os vivos e os
mortos”.
Depois
disso, ele foi encaminhado ao Hospital Nacional de Alienados, antigo manicômio
localizado na Praia Vermelha. Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, foi
transferido dias depois para a Colônia Juliano Moreira, instituição
psiquiátrica em Jacarepaguá onde passaria a maior parte das cinco décadas
seguintes.
Em sua
cela, o brasileiro passou a utilizar qualquer material que encontrasse, como
lençóis, uniformes, pedaços de madeira de caixas de feira, cabos de vassouras,
chinelos, tênis Conga, talheres, canecas e todo o tipo de sucata e objetos que
ganhava e trocava com outros pacientes para recriar cenas do cotidiano e a contar
a sua versão da história do universo.
No
final dos anos 80, já nos anos finais da vida de Bispo, o mundo artístico
começou a descobrir suas obras. Após a morte, ele continuou a ganhar
reconhecimento da mídia e da crítica especializada, com exposições no Brasil e
no exterior e uma apresentação na Bienal de Veneza, em 1995, onde sua arte foi
aclamada como vanguardista.
Brasileiro
se torna um dos maiores artistas do Brasil, diz especialista.
Ouvido
pela BBC News Brasil, o curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea,
Ricardo Resende disse que “Bispo do Rosário é um dos maiores artistas
brasileiros“.
Sobre
as obras do brasileiro, Ricardo ainda explica:
“Quando
sua obra emergiu, não se encaixava em nada do que havia registrado na história
da arte, mas parecia se inserir em tudo o que a modernidade e a
contemporaneidade haviam criado. Na verdade, pode-se dizer, precede tudo”, diz
Resende.
“O que poderíamos chamar de ‘estética da
precariedade’, ou ‘estética da pobreza’, tão comum na arte contemporânea,
expressando a simplicidade da vida na instituição, nas cidades e campos, e da
criança que nunca foi esquecida. É isso que Bispo involuntariamente nos
apresenta como sua estética.”
Exposição
em Nova York
Atualmente,
as obras do brasileiro, que foram criadas dentro de celas de manicômios, se
tornaram tema de uma exposição na galeria da Americas Society, em Nova York, no
que é a primeira retrospectiva dedicada a ele nos Estados Unidos. O título da
mostra é Bispo do Rosario: All Existing Materials on
Earth (Todos os Materiais existentes na Terra), uma referência à missão
que marcou a trajetória do artista.
Confira
imagens da exposição:
https://canalcienciascriminais.com.br/artista-brasileiro-tema-de-exposição/
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