Salvem os beagles! matem os fetos!
Escrito em 27 de outubro de 2013
Um grupamento humano atinge o auge da decadência quando a
autofagia suicida se instala plenamente em seu seio. Em alguns casos são
evidentes para o observador, noutros o impulso suicida social não é evidente,
precisa ser descoberto sob uma camada de bondade e compaixão. Um exemplo dos
primeiros foi a República de Weimar que, no dizer de John Steiner [1], chegou
ao ponto em que a sociedade foi tomada por grande ansiedade (arruaças
constantes das SA e dos comunistas, hiperinflação, desemprego, desmoralização dos
valores religiosos e das instituições republicanas) que os indivíduos passaram
a se preocupar com o significado e o propósito de sua própria existência. “Uma
solução relativamente fácil e conveniente para satisfazer as prementes
necessidades das massas em tempos de desorganização geral e desorientação
(anomia), quando todas as soluções comuns falharam, é o escape para ideologias
sobrenaturais”. Evidente que tal “solução sobrenatural” nada tem a ver com as
religiões tradicionais: Steiner se refere à sobrenaturalidade de um homem ou de
um partido.“Desesperado por uma vida caótica, o homem sente-se dependente de
uma força externa e superior a si mesmo encarnada em alguém que se ofereça como
a ‘Providência’, como no caso Hitler, com quem se identifica e a quem segue
cegamente. Esta busca sobrenatural nada tem a ver com procura de insight ou
reconhecimento de sua existência sub specie aeternitatis, mas pelo contrário
para obter poderes (terrenos) adicionais que tornem sua existência mais
tolerável”.
O Brasil já se parece muito com Weimar: as arruaças
constantes conduzidas por “manifestantes pacíficos” que nada mais são do que a
comissão de frente para depois entrar a bateria, batendo mesmo pra valer! E
sempre foram, desde junho, não acreditem na balela de que começaram pacífica e
espontaneamente contra tarifas de ônibus. Valores religiosos e morais são
vilipendiados pela permissividade e deboche, instituições pervertidas – aqui o
Reichstag não precisará ser queimado: seus integrantes já tocaram fogo em sua
moral transformando-se numa quadrilha apadrinhada pelo Executivo e protegida
pelo Judiciário. Forças Armadas e policiais obrigadas à cumplicidade mesquinha
que só as desmoraliza.
O impulso homicida e suicida se esconde sob um manto de
falsa dignidade: orgulho gay, uniões do mesmo sexo equiparadas às normais,
dignidade dos professores, das prostitutas e até de ladrões, assassinos e
arruaceiros santificados pelas “comissões de direitos humanos” da OAB e outras
ONGs, e até compaixão por belos cãezinhos, baleias, micos leão dourado,
pererecas, meio ambiente e o que mais queiram.
Assistimos há poucos dias um bando de “ativistas” – nome
politicamente correto para terroristas, ladrões, invasores, quebradores de
bancos, laboratórios e agências de automóveis – invadir um centro de pesquisa
para salvar cães Beagle de maus tratos. Todas as evidências levam a crer que
não havia maus tratos, os animais eram apenas usados para experiências
laboratoriais que não podem ainda ser realizadas em anima nobili (alma nobre e
não animal nobre). O termo se refere a experiências realizadas em seres
humanos. A evolução de uma pesquisa laboratorial leva aproximadamente 25 anos e
só depois de comprovada a possibilidade de testes finais em seres humanos com
risco mínimo é que se pode passar então para a parte final da pesquisa. Em
carta ao Globo [2], o pesquisador (Ph. D.) Octávio Menezes de Lima Júnior
refere “que a experimentação animal é um mal necessário. Não existe forma
satisfatória de substituir o uso animal em pesquisas sem interromper estudos
fundamentais para o futuro da humanidade e para saúde e sobrevivência do ser
humano. (…) Mas, caso os defensores árduos dos direitos animais insistam em
defender essa tese (que fere os direitos humanos, o que, aparentemente para os
“zooxiitas” importa menos que os direitos animais), sugiro que, sendo coerentes
com essa idéia, sejam todos voluntários para tais testes, incluindo seus filhos
e outros parentes na lista também”. Exatamente. Por que não se entregam
voluntariamente a algum candidato a Dr. Mengele?
O pior de todos os crimes, o aborto de fetos humanos é
defendido em assembleias, passeatas e atos públicos – já se grita despudorada e
tresloucadamente “abaixo o feto” – tudo sob o manto da dignidade do “direito da
mulher”. Todos têm direitos, menos os fetos humanos e os demais seres humanos
que necessitam drogas bem testadas para se salvar de doenças fatais.
Aborto e em breve a eutanásia – abaixo os velhos e doentes
improdutivos! – somado ao impedimento de pesquisas e o estímulo a relações homossexuais
estéreis. O que une tudo isto, senão um impulso suicida e homicida – ou melhor,
genocida.
[1] Power
Politics and Social Change in National Socialist Germany: a process of
escalation into mass destruction, Mouton
Publishers/Humanities Press, 1976: The Hague/Paris
[2]Os zooxiitas e a polêmica do uso de animais em
experiências
Heitor De Paola
Heitor De Paola é escritor e comentarista político, membro
da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer
House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug
Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior. É
ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).
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