Zumbi
dos Palmares - conheça a biografia e as controvérsias do rei quilombola
HISTÓRIA
DO BRASIL
27 de
novembro de 2023
Zumbi
dos Palmares
Capa:
quadro de Antonio Parreiras representando Zumbi dos Palmares.
Zumbi
dos Palmares foi um líder militar que se tornou o último líder do maior
quilombo da história do Brasil, o Quilombo de Palmares.
Em
2011, a presidente Dilma Rousseff oficializou o dia 20 de novembro como Dia
Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Um dos
objetivos da medida da presidente é exaltar Zumbi dos Palmares como símbolo da
luta pelos direitos dos negros no Brasil, já que dia 20 de novembro é o dia da
morte de Zumbi.
Diante
da medida de Dilma, ainda em vigor, pesquisadores brasileiros criticaram a
iniciativa, afirmando que não se pode homenagear um homem que escravizava
outros negros e cometia outros crimes.
Conheça
a biografia e as principais controvérsias que envolvem Zumbi dos Palmares.
Para
conhecer o início da história do Brasil em detalhes e com fontes confiáveis, a
Brasil Paralelo está concedendo gratuitamente e-book didático da História do
Brasil. Conheça os principais heróis e feitos mais marcantes da história
nacional.
O que
você vai encontrar neste artigo?
A
biografia registrada de Zumbi dos Palmares
Zumbi
tinha escravos e impunha leis severas no quilombo
A
derrota e morte de Zumbi
Desinformações
e romantinização de Zumbi dos Palmares
Resgate
da cultura brasileira
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A
biografia registrada de Zumbi dos Palmares
Os
registros históricos só permitem conhecer uma pequena parte da vida de Zumbi,
afirma Leandro Narloch no livro Guia Politicamente Incorreto da História do
Brasil. Os registros históricos coletados indicam que Zumbi era um jovem negro
que nasceu livre no Quilombo de Palmares.
Segundo
Edison Carneiro, no livro O Quilombo de Palmares, Zumbi era sobrinho do rei dos
quilombolas, Ganga Zumba.
No
final da sua adolescência, Zumbi assumiu uma tropa militar de Palmares,
tornando-se líder de um dos núcleos habitacionais do quilombo. Ele se destacou
em dezenas de vitórias dos quilombolas contra as expedições militares portuguesas.
O
acordo que fez Zumbi se tornar rei
Após
mais de 60 expedições militares dos portugueses contra o Quilombo de Palmares,
Ganga Zumba cansou de perder vidas nas batalhas, convocando Portugal para fazer
um acordo de paz.
Os
portugueses aceitaram o convite e ofereceram uma proposta: os quilombolas
poderiam formar uma sociedade livre, mas precisariam mudar de localização e
reconhecer as autoridades portuguesas, afirma Alfredo Brandão em Os Negros na
História de Alagoas.
Ganga
aceitou a proposta integralmente, mas muitos de seus companheiros se revoltaram
com a decisão. Zumbi foi um deles. Uma disputa interna tomou conta do Quilombo
dos Palmares, até que Ganga foi assassinado por envenenamento e as autoridades
favoráveis ao acordo foram presas, narrou Edison Carneiro.
Diante
da instabilidade interna e da necessidade de um líder forte para defender a
posição contrária ao acordo, Zumbi ascendeu ao poder.
Mesmo
depondo o líder que era favorável ao acordo, a coroa portuguesa continuou
tentando elaborar uma solução pacífica. Em 1685, Dom Pedro II de Portugal
mandou uma carta para os quilombolas. Um dos trechos dizia:
"Eu,
El-Rei, faço saber a vós Capitão Zumbi dos Palmares que hei por bem perdoar-vos
de todos os excessos que haveis praticado, e que assim o faço por entender que
vossa rebeldia teve razão nas maldades praticadas por alguns maus senhores em
desobediência às minhas reais ordens.
“Convido-vos
a assistir em qualquer estância que vos convier, com vossa mulher e vossos
filhos, e todos os vossos capitães, livres de qualquer cativeiro ou sujeição,
como meus leais e fiéis súditos, sob minha real proteção”, carta ainda
disponível na Biblioteca da Ajuda, de Portugal.
Zumbi
nunca aceitou um acordo, continuando a luta contra as autoridades locais e sendo
um verdadeiro rei em Palmares.
A
realeza de Palmares
O chefe
do Quilombo dos Palmares era um verdadeiro rei. Em seu livro, Edison Carneiro
reuniu documentos e outras fontes históricos que mostram que o Quilombo dos
Palmares funcionava como um reino africano.
Ganga
Zumba e posteriormente Zumbi eram tratados como "majestade" pelos
demais. Existia uma hierarquia que dava diversos poderes ao rei. Zumbi tinha a
palavra final sobre as questões sociais que envolviam todo o Quilombo, como
guerras e questões administrativas maiores.
Aqueles
que se apresentavam diante de Zumbi deviam colocar os joelhos no chão e bater
as palmas das mãos em sinal de vassalagem ao rei.
Diante
de tanto poder, como Zumbi guiava o Quilombo dos Palmares? A resposta pode
surpreender a muitos.
Zumbi
tinha escravos e impunha leis severas no quilombo
Ao
assumir o poder máximo, Zumbi dos Palmares continuou e fortaleceu as leis mais
rígidas do quilombo. Algumas das ações documentadas mais controversas de Zumbi
e seu quilombo são:
acentuar
os assaltos nas fazendas ao redor do quilombo e roubar escravos negros para
servirem a sociedade de Palmares. Segundo Edison Carneiro:
"Os
escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos
Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à
força das vilas vizinhas continuavam escravos. Entretanto, tinham uma
oportunidade de alcançar a alforria: bastava-lhes levar, para os mocambos dos
Palmares, algum negro cativo".
Segundo
o historiador Flávio Gomes, no livro Palmares:
"Consta
mesmo que os palmaristas cobravam tributos - em mantimentos, dinheiro e armas -
dos moradores das vilas e povoados. Quem não colaborasse poderia ver suas
propriedades saqueadas, seus canaviais e plantações incendiados e seus escravos
sequestrados”.
Sequestro
de mulheres brancas para obrigá-las a se casarem com quilombolas, afirma o
jurista Marcelo Andrade;
punir
com a morte e espancamentos os crimes cometidos dentro do quilombo. Segundo
Edison Carneiro:
"Se
algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se
capturado, era executado pela "severa justiça" do quilombo. Os
holandeses diziam (segundo relato do capitão João Blaer, de 1645) que 'entre
êles reinava o temor, principalmente nos negros de Angola ... '".
proibir
atividades de feitiçaria no quilombo.
Segundo
Marcelo Andrade, jurista, historiador e professor do Núcleo de Formação da
Brasil Paralelo:
"Muitos
negros vizinhos do Quilombo dos Palmares os odiavam, já que eles também eram
assaltados e tiveram parentes escravizados pelos quilombolas".
Diversos
negros lutaram contra o Quilombo dos Palmares, um deles foi Henrique Dias,
homem negro e oficial superior do exército português. Uma de suas campanhas
militares teve como alvo o quilombo de Zumbi.
Henrique
Dias foi considerado herói pela coroa portuguesa após sua atuação na
Insurreição Pernambucana, recebendo os títulos de fidalgo e membro da Ordem de
Cristo.
Conheça
os verdadeiros heróis do movimento abolicionista no Brasil.
A
derrota e morte de Zumbi
Após 20
anos de domínio de Zumbi sobre Palmares, o quilombo sucumbiu no dia 6 de
fevereiro de 1694, após quase 100 anos de existência. O ataque fatal foi
liderado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, narra Edison Carneiro
em seu livro.
O
bandeirante Domingos Jorge Velho era um experiente explorador de florestas e
matas fechadas, especialmente por suas origens indígenas.
Domingos
era mameluco, ou seja, descendente de indígenas e de europeus. Sua língua
principal era o tupi-guarani, falando português com dificuldade, aponta o
jurista Marcelo Andrade.
Para
conhecer o início da história do Brasil em detalhes e com fontes confiáveis, a
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Brasil. Conheça os principais heróis e feitos mais marcantes da história
nacional.
Sua
experiência foi essencial para o sucesso da invasão. A expedição do bandeirante
destruiu o Quilombo, mas Zumbi conseguiu fugir com alguns companheiros. Dois
anos depois, Zumbi foi traído, tendo sua localização entregue por um de seus
companheiros.
Quando
a expedição do capitão André Furtado de Mendonça chegou em seu esconderijo,
Zumbi e seus homens lutaram até o fim. Apenas 1 quilombola sobreviveu, sendo
aprisionado. Zumbi foi assassinado.
A
cabeça do último chefe dos Palmares foi decapitada e enviada para o governador.
O rosto de Zumbi foi pendurado em um poste público de Recife para mostrar que o
chefe do quilombo não era imortal, escreveu Edison Carneiro.
Desinformações
e romantização de Zumbi dos Palmares
No site
Toda Matéria, Juliana Bezerra faz duas afirmações sobre Zumbi que são comumente
difundidas, mas carecem de provas históricas:
"Zumbi
era sobrinho do líder Ganga Zumba, o qual, por sua vez, era filho da princesa
Aqualtune dos Jagas (ou imbangalas), um povo de tradições militares com ótimos
guerreiros".
Existem
poucos registros históricos sobre as origens de Ganga Zumba, Zumbi dos
Palmares.
Sobre a
ascendência de Ganga Zumba e Zumbi com Aqualtune, não existe nenhuma
comprovação sobre o parentesco deles com a suposta princesa angolana. Os
indícios apenas comprovam o parentesco de Ganga com Zumbi.
Zumbi
criado por um Padre - fake news?
Outra
desinformação histórica no artigo é:
"Zumbi
foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados
do Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, quando ainda tinha cerca de seis anos.
Foi então batizado com o nome “Francisco” e recebeu uma educação esmerada.
Aprendeu
português e latim, além do catecismo para ser batizado na fé católica. Aos 10
anos de idade, já era fluente em português e latim. “Aos 15, fugiu e voltou
para o Quilombo de Palmares”.
Não
existe nenhuma comprovação dessas informações. Essa lenda surgiu em um livro de
Décio Freitas e foi difundida sem nenhuma apuração. No livro Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil, Leandro Narloch narra:
“A
imaginação sobre Zumbi foi mais criativa na obra do jornalista gaúcho Décio
Freitas, amigo de Leonel Brizola e do ex-presidente João Goulart”.
No
livro Palmares: A Guerra dos Escravos, Décio afirma ter encontrado cartas
mostrando que o herói cresceu num convento de Alagoas, onde recebeu o nome de
Francisco e aprendeu a falar latim e português.
Aos 15
anos, atendendo ao chamado do seu povo, teria partido para o quilombo. As cartas
sobre a infância de Zumbi teriam sido enviadas pelo padre Antônio Melo, da vila
alagoana de Porto Calvo, para um padre de Portugal, onde Décio as teria
encontrado.
Ele
nunca mostrou as mensagens para os historiadores que insistiram em ver o
material. A mesma suspeita recai sobre outro livro seu, O Maior Crime da Terra.
O historiador Cláudio Pereira Elmir procurou por cinco anos algum vestígio dos
registros policiais que Décio cita. Não encontrou nenhum.
'Tenho
razões para acreditar que ele inventou as fontes e que pode ter feito o mesmo
em outras obras', disse-me Cláudio no fim de 2008. “O nome de Francisco, pura
cascata de Décio Freitas, consta até hoje no Livro dos Heróis da Pátria da
Presidência da República”.
Zumbi
era um herói marxista?
No
livro Três Vezes Zumbi, os historiadores Jean Marcel Carvalho França e Ricardo
Alexandre Ferreira mostraram que a figura de Zumbi foi interpretada de 3
maneiras diferentes ao longo da história do Brasil:
1 -
como líder de negros fugidos que cometiam crimes e lutava contra a autoridade
legítima do Brasil;
2 - o
chefe de um foco de barbárie que foi bravamente combatido pelos bandeirantes
paulistas;
3 - um
herói da luta de classes: um guerreiro que não aceitou a opressão das classes
dominantes e protegeu diversas minorias.
Ainda
hoje, a 3ª posição ainda é tida como verdadeira em muitas escolas e
universidades. O artigo do site Toda Matéria diz:
“[Zumbi]
lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão
colonial no Brasil.”. Apesar disso, este líder também ficou conhecido pela
severidade despótica com que conduzia Palmares, onde, inclusive, havia um tipo
mais brando de escravidão.
“De
todas as maneiras, não admitia a dominação dos brancos sobre os negros e,
portanto, tornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história
brasileira”.
Em
2003, a lei federal 10.639 instituiu o Dia da Consciência Negra no calendário
escolar, tornando obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira
nas escolas.
Em
2011, a presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como Dia
Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Um dos
objetivos da medida da presidente foi exaltar Zumbi dos Palmares como símbolo
da luta pelos direitos dos negros no Brasil, já que dia 20 de novembro é o dia
da morte de Zumbi.
Diante
da medida de Dilma, ainda em vigor, pesquisadores brasileiros criticaram a
iniciativa, afirmando que não se pode homenagear um homem que escravizava
outros negros e cometia outros crimes.
Leitura
recomendada: conheça as principais ideias de Karl Marx.
De
acordo com o professor Marcelo Andrade:
"É
uma falácia delirante afirmar que o Quilombo dos Palmares era socialista ou
democrático. Os africanos tinham mentalidade escravista, como era comum na
época. Não tem como afirmar que eles eram anti-escravistas".
Segundo
o professor Marcelo e a bibliografia já apresentada, Zumbi:
fazia e
comprava escravos, assim como os portugueses e as tribos da África;
praticava
assaltos e violência nas fazendas da região;
era um
líder monárquico, tomando decisões autocratas, conforme o hábito de muitas
tribos africanas;
tinha
várias esposas que não tinham espaço político no quilombo;
possivelmente
sequestrava mulheres da região de fora do quilombo e as obrigava a casar com os
quilombolas;
punia com rigor os quilombolas que tentavam deixar
seus domínios, praticando pena de morte e de espancamento.
As desinformações
sobre a história do Brasil não se limitam à figura de Zumbi dos Palmares.
Em
2005, 30% da verba de livros escolares do Ministério da Educação foi destinada
para comprar a obra “A Nova História Crítica”, de Mario Furley. Na obra, ele
afirma que a história do Brasil foi feita por capitalistas egoístas, que
prejudicaram o país.
Em
trechos que abordam a história do Brasil, o livro afirma:
“Diziam
que a princesa Isabel era feia como a peste e estúpida como uma leguminosa.
Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma
princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje
só vai melhorar quando aparecer algum principezinho salvador?”
Em
outro trecho, diz:
“Ninguém
sério acreditava num Terceiro Reinado. A estupidez da princesa Isabel, e a
péssima fama de seu esposo, o Conde d’Eu (corrupto, assassino da Guerra do
Paraguai, picareta mesmo) contribuíam para isso”.
O livro
também elogia a Revolução Comunista Chinesa, evento que deixou ao menos 30 a 50
milhões de mortos, dizendo:
“Foi
uma experiência socialista muito original”. As novas propostas eram discutidas
animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo
manifestar seus pensamentos e suas críticas.
Velhos
administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos
os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas
culturas, velhas idéias, velhos costumes".
Leitura
recomendada: não existem provas da existência do autor desse livro escolar,
embora “ele” tenha ganhado milhões de reais do governo. Entenda o caso.
Aproximadamente
trinta milhões de estudantes receberam o livro. Esses alunos das escolas
públicas brasileiras aprenderam que a história de seu país é ruim, que seus
antepassados eram maus.
Resgate
da cultura brasileira
Diante
do esquecimento e distorção da cultura nacional, da falta de conhecimento
da história brasileira, a série “Brasil:
A Última Cruzada” surgiu para mudar isso.
A
produção original da Brasil Paralelo resgata grandes nomes e acontecimentos na
história do país. Sempre pautada pela verdade e fontes históricas seguras, as
investigações do documentário descobriram que o Brasil possui diversos heróis e
atos de virtude.
O
Brasil foi construído com muito sacrifício, honra e coragem.
Mas
hoje em dia a nação sofre com um “complexo de vira-lata”, algo que não
aconteceu por acaso. Os grandes nomes da nossa história sempre foram tratados
com desdém pela mídia e escola, muitos fatos e realidades foram ocultadas.
A
missão da série é justamente reconectar o público com as suas origens,
despertando um sentimento de orgulho por ser brasileiro e conhecer sua
história.
Em
2022, no bicentenário da independência, Brasil - A Última Cruzada ressurge em
uma edição remasterizada de ultra definição 4k com conteúdos inéditos.
Nela, o
resgate é elevado ao estado da arte. Por que assistir a nova edição?
Nos 200
anos da Independência, resgate sua origem com a série mais emocionante da BP;
Versão
4k de Ultra definição;
Novas
gravações em Portugal, Espanha, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
Novas
entrevistas com processo de colorização feito do zero;
Ilustrações
que encantam;
A
primeira animação de ficção da Brasil Paralelo: Reconquista.
São
cenas e ilustrações que encantam nossos olhos, trilhas que emocionam e uma
animação inédita chamada "Reconquista", que representa a realidade de
muitos brasileiros.
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