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Crítica
moderna à idade média
Nos
meios intelectuais e acadêmicos é muito comum tratar a Idade Média como um
período supersticioso, um tempo de rebaixamento da inteligência, de ignorância
e de trevas. Chamar alguém de medieval tranformou-se em um xingamento, querendo
dizer que se trata de uma pessoa retrógrada, obtusa.
No
entanto, apesar dos pensadores modernos – aqueles dos séculos imediatamente
posteriores à Idade Média – terem sido muito críticos em relação a ela, talvez
surpreenda saber que o principal conteúdo de suas críticas não era uma eventual
superstição medieval mas, pelo contrário, o excesso de razão e aristotelismo
que caracterizava as obras daquele período.
Os
modernos viam no medievo um tempo de excessiva racionalidade teológica, de
lógica árida e de abstracionismo persistente. E, de fato, tinham alguma razão
em sua crítica, afinal, a Idade Média, principalmente no período final da
Escolástica, caracterizou-se por debates que beiravam a inutilidade, com sutilezas
impalpáveis e estéreis, como, por exemplo, a discussão se a um anjo era
possível sentar na ponta de uma agulha.
O
outono medieval carrega uma tradição acadêmica já muito bem estabelecida, com
pensamentos elaborados e complexos, mas que, de fato, já estavam desapegados da
realidade, chegando a tornar-se quase herméticos. Por isso, o Renascimento, que
pode ser considerado uma pré-modernidade, representa o início de tempos nos
quais as investigações começam a se preocupar com questões mais palpáveis, mais
conectadas com a vida cotidiana, mais voltadas para a natureza e para o homem –
é o período do humanismo.
Portanto,
a crítica que os modernos fizeram aos medievais não se mostra como um desdém
por aquilo que consideravam inferior, mas parecia mais com uma revolta contra a
sensação de opressão sufocante causada por uma racionalidade superior. Longe de
ser um levante contra as trevas da ignorância, tratou-se de um grito por
liberdade em relação aos grilhões dos rigorosos raciocínios medievais.
Como a
própria crítica moderna deixa claro, a Idade Média não foi um período de
sacerdotes ignorantes e fanáticos, mas, um tempo de razão, e de razão até em
excesso.
Fábio
Blanco
Fabio
Blanco é professor de Oratória, Retórica e Argumentação, além de instrutor de escrita
argumentativa. Desde 2010 é idealizador do NEC - Núcleo de Ensino e Cultura,
sob o qual encontram-se os seus projetos Liceu de Oratória e Filosofia
Integral.
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