Grafeno
é bom para a tecnologia, não para suas células
Redação
do Diário da Saúde
Grafeno é bom para a tecnologia, não para suas células
Os
cantos vivos e saliências irregulares ao longo das bordas das folhas de grafeno
perfuram facilmente as membranas celulares.
[Imagem: Kane Lab/Brown University]
Um dos
materiais mais famosos da nanotecnologia é o grafeno, um material ultrafino,
formado por uma única camada de átomos de carbono.
Mesmo
sendo tão fino, ele é incrivelmente forte e tem notáveis propriedades
eletrônicas, mecânicas e fotônicas. Ele está sendo pesquisado para uso em
aparelhos eletrônicos, células solares, baterias e até mesmo em dispositivos
médicos implantáveis.
O grafeno
é tão promissor para as mais diversas aplicações tecnológicas que rendeu aos
seus descobridores o Prêmio Nobel de Física de 2010.
O
problema é que, se ele é bom para a tecnologia, não se dá nem um pouco bem com
as células humanas.
Toxicidade
do grafeno
Um novo
estudo sobre a toxicidade do nanomaterial mostrou que os cantos vivos e
saliências irregulares ao longo das bordas das folhas de grafeno perfuram
facilmente as membranas celulares.
Depois
que a membrana é perfurada, uma folha de grafeno inteira pode ser puxada para
dentro da célula, onde perturba o funcionamento normal da célula, eventualmente
levando-a à morte.
O
resultado dá suporte a outro estudo anterior, que já havia apontado que o
grafeno e outras nanopartículas oferecem riscos à saúde, sendo particularmente
perigosos para os pulmões de crianças.
"Em
um nível fundamental, queremos entender as características destes materiais que
são responsáveis pela forma como eles interagem com as células. Se há alguma
característica que seja responsável pela sua toxicidade, então talvez os
engenheiros podem conseguir eliminá-la," disse Agnes Kane, da Universidade
Brown (EUA), responsável pelo estudo.
Ainda
se sabe muito pouco sobre o efeito dos nanomateriais quando eles entram em
contato com o corpo humano, seja durante o processo de fabricação, no caso dos
trabalhadores, ou durante o ciclo de vida de um produto, no caso dos
consumidores.
"Esses
materiais podem ser inalados involuntariamente, ou podem ser intencionalmente
injetados ou implantados como componentes de novas tecnologias
biomédicas," disse Robert Hurt, coautor do estudo. "Então, nós
queremos entender, uma vez dentro do corpo, como eles interagem com as
células."
Toxicidade
dos nanomateriais
O
resultado é preocupante, além de ser compatível com estudos de toxicidade de
outros nanomateriais, como os nanotubos de carbono, que também podem matar as
células.
Não é à
toa que a nanotecnologia preocupa consumidores e autoridades de saúde: estudos
já mostraram que as nanopartículas causam doenças autoimunes e que as
nanofibras e nanotubos afetam não apenas o homem, mas também o meio ambiente.
"Estamos
falando sobre o projeto de segurança dos nanomateriais", disse Agnes.
"São materiais sintéticos, por isso devemos ser capazes de ser
inteligentes e torná-los mais seguros."
Os
resultados do estudo sobre a toxicidade do grafeno foram publicados na revista
científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
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