quinta-feira, 29 de junho de 2023

GRAFENO

 

Grafeno é bom para a tecnologia, não para suas células

Redação do Diário da Saúde

Grafeno é bom para a tecnologia, não para suas células

Os cantos vivos e saliências irregulares ao longo das bordas das folhas de grafeno perfuram facilmente as membranas celulares.

[Imagem: Kane Lab/Brown University]

 

Um dos materiais mais famosos da nanotecnologia é o grafeno, um material ultrafino, formado por uma única camada de átomos de carbono.

 

Mesmo sendo tão fino, ele é incrivelmente forte e tem notáveis propriedades eletrônicas, mecânicas e fotônicas. Ele está sendo pesquisado para uso em aparelhos eletrônicos, células solares, baterias e até mesmo em dispositivos médicos implantáveis.

 

O grafeno é tão promissor para as mais diversas aplicações tecnológicas que rendeu aos seus descobridores o Prêmio Nobel de Física de 2010.

 

O problema é que, se ele é bom para a tecnologia, não se dá nem um pouco bem com as células humanas.

 

Toxicidade do grafeno

 

Um novo estudo sobre a toxicidade do nanomaterial mostrou que os cantos vivos e saliências irregulares ao longo das bordas das folhas de grafeno perfuram facilmente as membranas celulares.

 

Depois que a membrana é perfurada, uma folha de grafeno inteira pode ser puxada para dentro da célula, onde perturba o funcionamento normal da célula, eventualmente levando-a à morte.

 

O resultado dá suporte a outro estudo anterior, que já havia apontado que o grafeno e outras nanopartículas oferecem riscos à saúde, sendo particularmente perigosos para os pulmões de crianças.

 

"Em um nível fundamental, queremos entender as características destes materiais que são responsáveis pela forma como eles interagem com as células. Se há alguma característica que seja responsável pela sua toxicidade, então talvez os engenheiros podem conseguir eliminá-la," disse Agnes Kane, da Universidade Brown (EUA), responsável pelo estudo.

 

Ainda se sabe muito pouco sobre o efeito dos nanomateriais quando eles entram em contato com o corpo humano, seja durante o processo de fabricação, no caso dos trabalhadores, ou durante o ciclo de vida de um produto, no caso dos consumidores.

 

"Esses materiais podem ser inalados involuntariamente, ou podem ser intencionalmente injetados ou implantados como componentes de novas tecnologias biomédicas," disse Robert Hurt, coautor do estudo. "Então, nós queremos entender, uma vez dentro do corpo, como eles interagem com as células."

 

Toxicidade dos nanomateriais

 

O resultado é preocupante, além de ser compatível com estudos de toxicidade de outros nanomateriais, como os nanotubos de carbono, que também podem matar as células.

 

Não é à toa que a nanotecnologia preocupa consumidores e autoridades de saúde: estudos já mostraram que as nanopartículas causam doenças autoimunes e que as nanofibras e nanotubos afetam não apenas o homem, mas também o meio ambiente.

 

"Estamos falando sobre o projeto de segurança dos nanomateriais", disse Agnes. "São materiais sintéticos, por isso devemos ser capazes de ser inteligentes e torná-los mais seguros."

 

Os resultados do estudo sobre a toxicidade do grafeno foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.


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