sexta-feira, 30 de junho de 2023

MÚSICA 19.PARTE

 

A Música Sacra e a Visão Teológica 19ª.Parte

por Abner Ferreira

O pastor A. W. Tozer costumava dizer: “Os cristãos não contam mentiras. Eles vão à igreja para cantá-las”. E essa tem sido uma triste realidade dos dias atuais, em que a música sacra vem sendo corrompida por uma visão teológica distorcida.

Parece incoerente essa afirmação, de que a música cristã também possui – ou deveria possuir – uma vertente teológica, mas é um fator fundamental que tem sido esquecido por muitas igrejas.

Com a intensão de tornar-se contemporânea, a igreja acabada abrindo espaço para disparidades em sua cosmovisão sacrossanta, afastando-se dos ideais bíblicos.

Antes de qualquer coisa, devo afirmar que não sou saudosista ao extremo. Aliás, nenhum extremismo é louvável, o cristão precisa ser moderado. Mas tenho minha predileção por louvores clássicos.

No entanto, a questão aqui não tem relação com o gosto ou predileção por determinado louvor, mas com a necessidade do embasamento bíblico naquilo que se canta. Já que, sendo sacra, a música cristã deve promover valores doutrinários.

Afinal, a música é um poderoso veículo de comunicação e proclamação do Evangelho. Foi através da música que Martinho Lutero conseguiu eficácia na divulgação das doutrinas da Reforma Protestante.

Sem valores doutrinários embasados na Bíblia, a música não pode ser sacra, perde a santidade em sua essência, tornando-se apenas artística, musical, sem valor para o Reino de Deus.

Em Salmos 40.3, Davi afirma que a origem da música é divina. Ninguém melhor do que ele para nos transmitir tão grandioso ensinamento.

Já o que temos visto em nossos dias, muito longe da devida inspiração de Deus, são canções egocêntricas, sem virtude espiritual e completamente distante daquilo que a Bíblia ensina. O que torna essas canções hereges por definição.

Os cânticos atuais estão sendo desvirtuados para um eixo muito perigoso. Se antes o centro era Jesus Cristo, atualmente o centro tem sido as pessoas. Hinos – se é que podemos chamar assim – que parecem inspirados em autoajuda.

Sem falar no abuso de uma linguagem de autocomiseração, focada nas frustrações e anseios pessoais, deixando de lado a glória de Deus e a beleza da santidade divina, quando a Palavra ensina que devemos celebrar a Ele com alegria (Salmos 100.1,2).

Infelizmente, as canções de hoje parecem que foram escritas por conselheiros amorosos tratando a autoestima de alguém. Elas estão baseadas única e exclusivamente no “eu”, quando deveriam exaltar a Deus.

Esse é um fundamento bíblico indispensável: Deus em primeiro lugar. As canções precisam exaltar o Criador e não a criatura. A adoração deve ser o centro de tudo o que é cantado na Igreja.

Essa música não envelhece, não se torna ultrapassada, mas é sempre “um cântico novo” (Salmos 40.3), que se renova a cada dia, passe o tempo que passar.

Também tenho percebido a ausência da inspiração poética nos cânticos atuais, com letras com uma linguagem pobre e nenhuma inspiração divina.

O salmista diz: “Com o coração vibrando de boas palavras recito os meus versos em honra do Rei; seja a minha língua como a pena de um hábil escritor” (Salmos 45.1).

Além disso, a música cristã sempre tem como base a plenitude da Palavra de Deus (Colossenses 3.26), jamais deve se utilizar de ideais humanos ou conceitos que divergem daquilo que Bíblia nos instrui.

O sentido de adoração deve ser expresso através das canções, o que significa dizer que ela precisa expressar admiração, respeito, reverência e veneração. Foi para isso que fomos criados, segundo aprendemos em Antropologia.

É preciso avaliar aquilo que está sendo cantado, discernir sobre como esse ou aquele louvor pode ser edificante ou não. Como bem disse Paulo, é preciso cantar “com espírito, mas também [cantar] com o entendimento” (1 Coríntios 14.15).

Lembre-se que a adoração profana também diz respeito ao culto a nossas qualidades. Satanás tentou enganar o primeiro homem e a primeira mulher afirmando que eles poderiam ser iguais a Deus.

A outra estratégia é utilizar nossa admiração por pessoas, à influência que outras pessoas podem ter sobre nós pode nos levar a adoração profana.

Adão não foi enganado pela serpente no Éden, mas Eva sendo enganada influenciou o primeiro homem ao pecado.

Como ele se deixou arrebatar por Eva, esqueceu-se do Criador e comeu o fruto proibido (1 Timóteo 2.14).

O foco humanista da adoração, visando sempre o benefício da criatura, corrobora para o abuso de promessas de vitória imediata, contrário ao que a Bíblia ensina.

Ela diz: “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração” (Romanos 12.12).

Concluo, portanto, alertando para que a contemporaneidade não sirva de desculpa para a degradação doutrinária e teológica das canções, que estejamos sempre vigilantes.

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