Inteligência não é uma
virtude
Por Paulo Ribeiro
O recente desenvolvimento da
Inteligência Artificial (IA), uma técnica com grande potencial para o bem,
criou uma confusão mental, social e ética. Isso tem levado muitos a considerar
apenas os benefícios explícitos e negligenciar o lado perigoso implícito de
certas aplicações.
Embora a inteligência não seja
em si uma virtude, ela certamente tem uma capacidade útil e ampla de ajudar a
sociedade. As habilidades da IA também podem
ser usadas para o mal por meio de explorações. A principal preocupação é a sua
capacidade de alcançar com eficiência os desejos de quem detém o poder.
O objetivo da ciência e da tecnologia
é melhorar a qualidade e a sustentabilidade da vida. E não devemos esquecer que no cerne da sustentabilidade está o
reconhecimento das limitações e sensibilidades da natureza do mundo que nos
cerca.
Além da inteligência, precisamos de
bom senso e sabedoria. A inteligência é como a Razão: dura e inflexível. O
senso comum e a sabedoria sabem onde parar com graciosa inconsistência,
enquanto a Razão e a Inteligência seguem servilmente e abstraem a lógica onde
não compreendem. O bom senso/sabedoria é o pai de uma família próspera: a
razão/inteligência é estéril e virgem.
Sabedoria e inteligência são
conceitos relacionados, mas não são a mesma coisa. Inteligência é a capacidade
de adquirir e aplicar conhecimentos e habilidades, pensar de forma abstrata e
raciocinar logicamente. Por outro lado, a sabedoria é a capacidade de usar o
conhecimento e a experiência para fazer julgamentos e decisões sensatas. A
sabedoria não é apenas adquirir conhecimento, mas também usar esse conhecimento
para tomar decisões éticas, compassivas e eficazes.
A IA deve ser usada como qualquer
outra ferramenta tecnológica, mas deve estar subordinada ao Bom Senso e à
Sabedoria, para que não cheguemos aonde não conhecemos e destruamos o potencial
de fazer o bem.
A Inteligência não é uma virtude,
muito menos quando é apenas artificial. Bom Senso e Sabedoria devem ser
a função e objetivo da Inteligência Artificial.
Quatro coisas na terra são pequenas,
mas muito sábias:
as formigas, que, embora não sejam
fortes, armazenam alimento no verão,
os coelhos silvestres, que, embora
não sejam poderosos, fazem sua toca nas rochas,
os gafanhotos, que, embora não tenham
rei, marcham em fileira,
e as lagartixas, que, embora sejam
fáceis de apanhar, vivem até nos palácios dos reis.
(Pv 30.24-28)
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