Não existe dinheiro público
“There
is no such thing as public money, there is only the taxpayer money” (Não existe
dinheiro público, existe apenas o dinheiro de quem paga impostos)
A
célebre frase da ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher é, para mim,
uma lembrança constante da necessidade de prioridades verdadeiras na condução
das políticas públicas, pois o dinheiro gasto aqui é o que foi arrancado à
força das pessoas. Um verdadeiro ato de violência estatal.
O Novo
foi o único partido político no Brasil a abrir mão do fundo eleitoral desse
ano, por ser também o único a se opor ao uso de “dinheiro público” para
financiar campanhas eleitorais. O motivo é simples: o dinheiro de todos não
pode ser recolhido por meio de impostos para servir apenas a alguns.
O fundo
partidário e o fundo eleitoral são uma vergonha, um escárnio e uma violência.
Especialmente em tempos de pandemia, em que a fragilidade do sistema público
para garantir assistência à saúde e a incapacidade dos Governos de manterem em
dia suas obrigações – desde o pagamento de salário a professores até a quitação
de suas obrigações com fornecedores –, evidenciam que falta dinheiro para tudo.
Ou melhor: falta para tudo, exceto para as campanhas eleitorais, que receberão,
neste ano, por repasses públicos aos partidos políticos, perto de R$ 3 bilhões.
O
sistema político é falho e temos de sempre nos preocupar para que as suas
falhas não prejudiquem ainda mais a condição de sustentação da nossa
democracia, que é ainda frágil. Nem por isso é possível silêncio ao se ver a
entrega de R$3.000.000.000,00 (com todos os zeros, para ressaltar o absurdo da
coisa), a quem ocupa o poder. No fim, a impressão que dá é de que ninguém escutou
o aviso da Dama de Ferro. Por aqui e em outras partes, o mundo oficial continua
se comportando como se o dinheiro público fosse dos políticos, que
generosamente o distribui à população – e não o contrário.
É por
essa e outras que eu percebo verdade da ironia fina de Millôr Fernandes: “Me
arrancam tudo à força e depois me chamam de contribuinte”.
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