Pacaraima"
"O povo
venezuelano já foi feliz. Tinha a maior renda per capita da América Latina;
eram os "sauditas" sul-americanos do petróleo"
Alexandre Garcia
postado em 31/05/2023 03:55
·
(crédito:
Reprodução/YouTube)
Minha candidata ao Prêmio Nobel da Paz é a Operação Acolhida. Desde
junho de 2018, já entraram no Brasil mais de 800 mil venezuelanos, que deixaram
seu país natal por causa da fome e das perseguições políticas. Segundo o órgão
de refugiados da ONU, já deixaram a Venezuela sete milhões de pessoas, a
maioria indo para a Colômbia, porque é vizinha e tem a mesma língua. Os que
vieram para o Brasil pela Operação Acolhida, em geral, chegaram famintos,
subnutridos, doentes, e foram alimentados, tratados e encaminhados, do extremo
norte do Brasil, para os estados brasileiros, para terem vida digna para si e
família. O Exército Brasileiro cumpriu uma honrada missão humanitária nessa
operação. Por isso, foi estranho ver gloriosos Dragões da Independência, do 1º
Regimento de Cavalaria de Guardas, formados em alas, apresentando lanças para
honrar o causador do êxodo de venezuelanos, Nicolás Maduro, enquanto subia a
rampa do Palácio do Planalto.
O povo venezuelano já foi feliz. Tinha a maior renda per capita da
América Latina; eram os "sauditas" sul-americanos do petróleo; o
combustível, lá, era quase de graça; só dirigiam carrões americanos;
abarrotados de divisas, importavam o que de melhor havia no mundo. Mas veio
Hugo Chávez e seu bolivarianismo, uma versão sul-americana de marxismo. Se Marx
não deu certo na União Soviética, em cerca de 70 anos de poderes divinos sobre
as pessoas, por que não daria certo na América Latina, onde a memória do povo
não tem Tolstói para contar a História? Quem sabe um Bolívar revisado? Com isso,
destruíram a Venezuela. Chávez morreu há 10 anos, e Maduro é seu sucessor, com
esse Bolívar de propaganda, que contrasta o Bolívar libertador.
Hugo Chávez inventou uma união de países sul-americanos para ver se por
aqui viceja o marxismo. A Unasul foi criada em 2008 por ele, com o apoio de
Lula. Não sobreviveu ao estatuto do Mercosul, que exige democracia de seus
integrantes. Como Lula não exige isso de Evo, de Ortega nem de Maduro, quer
recriar a Unasul, talvez com outro nome. Doutor Goebbels fazia isso, tal como
antes fizeram os bolcheviques. Troca o nome e faz o mesmo. É o que pretende
fazer com os presidentes visitantes, depois da recepção especial com que
celebrou Maduro, na segunda-feira, no Palácio do Planalto e no Itamaraty.
O Doutor Freud estudou o mecanismo de fuga com seus pacientes em Viena.
Lula foge das questões internas, que não consegue resolver, viajando. China,
Japão, Europa, Estados Unidos… e, agora, Brasília, reunindo vizinhos para
propor a paz no mundo e a bem-aventurança na América Latina. Não consegue se
impor, como gostaria, ao Congresso Nacional, porque ainda vive na primeira
década do milênio. Mas sonha com liderança externa e gera propaganda com essa
reunião em Brasília. Áulico não falta para aplaudir o argumento dele de que há
preconceito contra Maduro, numa narrativa sobre as consequências de seu
governo. Só que a realidade não está em Brasília, na boca de Lula, mas em
Pacaraima, com a Operação Acolhida mostrando o que acontece além da fronteira
com a Venezuela.
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